As crianças se familiarizam com os livros quando veem os pais lendo, inclusive para eles, e quando a escola faz da leitura uma prática integrada às atividades cotidianas, com tempo e espaço para a livre exploração, para a leitura de figuras, para a possibilidade de interação com outras linguagens – como teatro e cinema – e também para que o livro se torne mais um brinquedo que estimule a interação e possibilite o pensamento criativo.
Desta forma, vamos mostrar alguns incentivos que ajudam no desenvolvimento da leitura na fase da educação infantil, por meio das práticas de contextualização do livro e do ato de ler no cotidiano.
Tenha uma biblioteca organizada
O primeiro passo para incentivar a leitura é ter bons títulos na escola. Muitas unidades pré-escolares possuem acervos frágeis em espaços mal organizados como caixas e baús. Eles são uma boa fonte para realocação e armazenamento temporário, mas não substituem um espaço de referência com nomes catalogados. Porém, essa organização não pode ser um meio de controle rígido, pois o livro é um produto de consumo e esse acervo será consultado na hora do planejamento para pesquisar histórias que o professor ache interessante ou adequado para apresentar às crianças. Como poemas, lendas, contos, histórias das culturas afro e indígena, entre outros.
Deixa as crianças terem um contato próximo com os escritores e suas obras
Em sua instituição, faça um levantamento de títulos que aproximem as crianças de autores de referência da literatura infantil, como o próprio Monteiro Lobato e outros como Ziraldo, Ana Maria Machado, Ruth Rocha, já consolidados.
No entanto, é preciso aumentar a diversidade de autores e há várias opções como os escritores Emicida, Tino Freitas, Claudio Fragata, Lalau e Laurabeatriz. A cultura da infância se move de acordo com as gerações e as demandas que surgem na sociedade. Nesse sentido, é preciso trazer narrativas que dialogem com essa dinâmica, sem esquecer a atemporalidade das obras literárias.
Prepare um acervo de leitura pra os alunos
Para encantar as crianças com os livros, o professor deve se preparar para a leitura e se tornar um leitor curioso da obra. Prepare-se para a narração, pratique cadência, entonação de voz, pontuação. Essa preparação inclui pesquisa e tempo para se vivenciar como leitor e apreciador da obra.
À medida que o repertório do professor aumenta, mais títulos podem ser listados para que as crianças possam escolher as histórias que querem ouvir.
Leia pelo prazer de ler
Na educação, é muito comum ler com a intenção de aprender algo, apresentar um tema e subsidiar alguma experiência ou pesquisa. Estas situações podem existir, mas em menor grau, em coexistência com o momento da leitura pelo prazer de um bom livro. Na continuidade, o tempo de escuta é o objetivo principal. Portanto, dê espaço para que as crianças tragam suas impressões, sentimentos e percepções durante a história. É importante reconhecer os contextos que emergiram e as relações que se estabeleceram. A conversa pode, assim, seguir o caminho das ideias e construções infantis.
Criar situações que promovam a leitura na comunidade
Alguns eventos têm potencial para apoiar a expansão da comunidade leitora da escola. Uma delas é a construção de uma bolsa literária com títulos para empréstimo por um determinado período ou a possibilidade de registros e interação entre as famílias. Uma alternativa é organizar uma troca de livros, criar um espaço de leitura nas áreas comuns da escola – também para as famílias – e até mesmo passeios pedagógicos às feiras do livro da cidade. A leitura e o contato com bons livros devem fazer parte da dinâmica de construção de bons relacionamentos que tanto almejamos na escola e em nossa sociedade.